segunda-feira, 31 de março de 2014

Oswaldo Campos - "A linguagem dos olhos"



Louvo a Deus porque em um mês somente, desde que foi criado este blog4, foi visitado 1.151 vezes!

_______________________________________________

Não me lembro exatamente de quando conheci Oswaldo de Barros Campos, mas de uma coisa eu sei: o servo de Deus esteve envolvido em nomeações sociais, principalmente em nossos lares de menores, praticamente durante toda a sua carreira salvacionista. Oswaldo, no entanto, que teve irmãos pastores, gostava muito de pregar o Evangelho. Recordo-me de suas visitas ao Departamento de Literatura, no Quartel Nacional, sempre com colaborações escritas para que fossem publicadas no nosso jornal "Brado de Guerra" ou revista "Oficial" . Era sempre uma oportunidade também de conversarmos animadamente. Oswaldo foi "promovido à glória" recentemente. Agradeço ao seu filho Abner, que tanto cuidou dele nos últimos anos de sua vida, pelas fotos aqui publicadas.



A LINGUAGEM DOS OLHOS

São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso. (Mateus 6:22)

Ninguém mais do que Jesus Cristo tem conhecimento de que os homens manifestam bondade ou perversidade através do corpo, até mesmo pelo olhar. E em Seu ministério, cujo objetivo foi o de converter o homem e chamá-lo para Deus, Ele de tudo Se lembrou a fim de orientar e preparar um povo aqui na terra, um povo que venha habitar também em um lugar preparado por Ele nos céus, onde existe a verdadeira vida de perfeição cristã.

E, com esse propósito, Jesus nos ensinou e nos alertou sobre pontos importantes quando nos falou sobre o uso da mente (Mateus 8:10), sobre o uso das mãos (Marcos 16:18), e sobre o uso do coração (Mateus 5:8).

Agora, através do trecho das Escrituras acima, Ele nos está falando sobre o uso dos olhos, os quais, segundo Ele, podem ser uma bênção ou mesmo uma maldição para a vida espiritual.

Se fôssemos nos lembrar dos pecados mais sérios, ou mesmo de quase todos eles, talvez constatássemos que a causa desses deslizes foram quase que de modo geral responsabilidade de nossos olhos. 

Deus nos deu um corpo que se movimenta pelos mais variados lugares, e que por isso mesmo requer uma boa direção nesta vida, visto os inúmeros obstáculos que sem dúvida alguma Satanás coloca à nossa frente para impedir nossa marcha para Deus.

O nosso corpo, que hospeda a nossa alma, se orienta por sua própria luz, a qual Jesus chamou de lâmpada (versículo-chave).

1. Se os teus olhos forem bons...

O que vem a ser "olhos bons"? Como eles se comportam?

Podemos entender que olhos bons são aqueles que não se abaixam diante de seus semelhantes, porque não têm do que se envergonharem. São olhos que encaram, de frente, o seu próximo quando com ele conversa.

Olhos bons são aqueles que não se desviam de autoridades, do patrão, do mestre, dos pais e até do próprio inimigo quando esse o defronta. A isenção de culpa parece até capacitar mais o andar ereto do homem, visto não ter a menor preocupação em ser descoberto. 

Olhos bons acodem às necessidades das pessoas sempre que possível, e intercedem por elas, embora muitas vezes não concordem com o que fazem.

Olhos bons não têm tanto prazer nas belezas deste mundo, mas lutam para serem úteis e agradáveis a Deus a Quem servem e adoram com alegria.

Olhos bons são aqueles que nos permitem andar de rosto erguido, mas nunca no sentido de orgulho, o que comprometeria a vida cristâ; simplesmente porque as suas mãos, sua mente e coração estão limpos. E por serem essas qualidades que agradam a Deus, é muito natural que tenhamos tanto olhos quanto andar diferentes, que nos identifiquem como verdadeiros cristãos.

2. E quanto aos olhos maus?

Jesus continua dizendo: Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. (Mateus 6:23)

Olhos maus são aqueles que se abaixam envergonhados. São olhos que não suportam  interrogatórios e que evitam confrontos em certas circunstâncias. São olhos que tentam enganar as pessoas e que estão sempre apressados para não as atender. 

Sãos olhos que se desviam dos necessitados. Olhos que se levantam para condenar, e que não encontram boas qualidades em seus semelhantes. São olhos que não se fecham à noite, mas dão asas à imaginação para arquitetar planos contra o próximo.

Que tremenda responsabilidade Deus deu aos nossos olhos! E Ele nos chama atenção para o fato de que, se forem eles responsáveis por escândalos, que venham comprometer a nossa salvação e nossa vida com Deus, então Ele chega a nos afirmar que melhor teria sido se não os tivéssemos, pois assim Se expressou: Se o teu olho direito te faz tropeçar, corta-o e lança-o de ti, pois te convém que se perca um dos teus membros e não vá todo o teu corpo para o inferno. (Mateus 5:29).

Conclusão:

Caro amigo, se você tiver anseio por ganhar a salvação de sua alma, o que é natural, e ser digno de gozar a vida eterna ao lado de Cristo quando deixar este mundo, então receba-O enquanto é tempo, como  seu Salvador e Senhor. Ele, sem a menor dúvida, irá causar-lhe uma grande transformação de vida! Você passará a ter não somente olhos bons, mas verá também que suas mãos e coração tornar-se-ão verdadeiros servos do Altíssimo Deus, a Quem honrarão, adorarão e servirão.

Que Deus o abençoe!


O Major Oswaldo de Barros Campos foi administrador de obras sociais de grande porte como Arco Verde-MG, Pelotas-RS, Suzano-SP, Meier-RJ (foto) e - juntamente com sua esposa - nos sucedeu na administração do Lar de Jacutinga-MG (foto abaixo), em janeiro de 1990.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Paulo W. Rangel - "Abraão"

Conheci Paulo Wagner Rangel em um Dia de Juventude no Corpo Central, no ano de 1965. Sentado sozinho, aproximei-me do jovem que eu não conhecia para dar-lhe boas-vindas. E o rapaz, que viera de Minas Gerais para o evento em São Paulo, contou-me algo de seu testemunho. Admirei-me de sua convicção de tornar-se salvacionista, ainda que vivendo em uma cidade cujo único contato com o Exército de Salvação era através de uma oficial aposentada, a saudosa Major Alzira G. Sinofzik. 
(Ao longo da conversa percebi também o quanto o seu sotaque era parecido com o do capitão Bellini, da Seleção!)
Paulo ingressou no Colégio de Cadetes no ano seguinte, na sessão "Luzeiros". Conhecendo Yoshiko Namba no Colégio, casaram-se alguns anos depois.
Após longa carreira em Obras Sociais, Corpos, Divisões e nomeacões no Quartel Nacional, inclusive a de Diretor do Colégio de Cadetes (seminário), Paulo chegou à liderança do Exército de Salvação no Brasil.


ABRAÃO   

"Em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gênesis 123:3)

O relato do pacto de Deus com Abraão é apresentado de forma abrupta, suscitando a pergunta: Quem é esse Senhor Deus? E quem é Abraão?

Esse Deus é o Criador do universo, da terra e da humanidade, portanto a iniciativa divina tem esse mesmo peso, essa mesma extensão, ou seja, Deus estava dando início à obra de redenção insinuada no jardim do Éden (Gênesis 3:15).

Esse ato de Deus não tem como alvo apenas encontrar um aliado para tratar com o povo naquele momento tão disperso, voltado para os deuses. O próprio Abraão estava incluído, mas Deus buscava nesse homem um aliado para ser o precursor da "semente da mulher" e o personagem mais importante da história do Antigo Testamento.

Tal pacto incluía:
1. A bênção de Deus a Abraão.
2. Tornar Abraão uma bênção.
3. Abençoar todas as famílias da terra.

Este é o princípio básico de todas as coisas. Ao contrário do que pensava o homem que recebera um talento, Deus não colhe de onde não semeou, nem ajunta de onde não espalhou (Mateus 25:24). Pelo contrário, Ele propõe abençoar - depois de fazer de nós bênçãos a terceiros - abençoar as famílias da terra.

Quais foram as implicações desse pacto?

I. DEUS AMPLIOU O NOME DE ABRAÃO

Abrão significa "pai exaltado", e Deus mudou o seu nome para Abraão, que significa "pai de uma multidão".

Pelo fato de Sara, sua mulher, ser estéril, Abrão só podia contar com o poder de Deus para alcançar a promessa; ainda que ele e mesmo Sara tentassem "ajudar" Deus de modo errado.

A primeira lição que Abraão teve que aprender foi a de desligar-se da sua terra, de seus bens e de sua parentela. Essa separação era necessária em face da idolatria reinante naquele lugar, e em face da fé em Deus, que exige sempre separação. 

Ryle disse que Abraão recebeu a ordem de:
- renunciar as certezas do passado,
- enfrentar as incertezas do futuro,
- olhar a seguir na direção da vontade de Deus.

II. DEUS PROVOU A ABRAÃO

Antes de alcançar a promessa de Deus, Abraão foi provado ao...

1. ... deixar a família: 
Todas as provas a que Deus submete o homem são provas de amor (Abraão, Jó ou Pedro). Abraão devia provar que amava mais a Deus do que sua própria família. Em Mateus 10:37, Jesus disse: "Quem ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim."
Abraão passou por ambos os testes. Em Gênesis 12:1 a 4, deixou seus pais. Em Gênesis 22:1 a 14, renunciou a seu filho.

2. ... deixar a terra:
A terra aqui significa o projeto de vida de Abraão, uma vez que sua atividade era essencialmente agrícola, ou melhor, pecuária. Abraão teve falhas também; quando foi ao Egito não o fez por mandado de Deus, ainda que houvesse um motivo, aparentemente justo, mas por sua auto-recreação, e se deu mal. Foi levado a mentir e saiu dali humilhado (Gênesis 12:10 a 20). Mas Deus lhe ensinou a lição e mais tarde ele aprendeu a peregrinar na terra da promessa.

3. ... deixar as vantagens materiais:
Quando Ló, seu sobrinho, escolheu a melhor parte das pastagens, Abraão lhe deu uma lição de desapego aos bens materiais, e, em função disso, tornou-se o grande intercessor e libertador de seu sobrinho. O amor ao dinheiro (ou aos bens materiais) é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10). Abraão peregrinou na terra da promessa como em terra alheia... porque aguardava a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto é Deus (Hebreus 11:9 e 10).

III. DEUS AMPLIOU A INFLUÊNCIA DE ABRAÃO

a) De um pai sem herdeiro legítimo, Deus o fez pai de todos os que crêem. O primeiro ponto aqui é que Abraão creu no Senhor e isto lhe foi imputado como justiça (Romanos 4:3).
Abraão com o corpo já amortecido (Hebreus 11:12) confiou em Deus, no Seu poder e fidelidade, e obteve a promessa de um filho quando suas condições físicas já não permitiam gerar filho, e muito menos as de sua esposa.

Quando Deus lhe pediu Isaque em sacrifício, Abraão chegou ao ponto de quase sacrificá-lo, pois considerou que Deus era poderoso para ressuscitá-lo dentre os mortos (Hebreus 11:17 a 19).

b) É claro que toda a honra concedida a Abraão tem a ver com Jesus, pois o cumprimento da promessa de Deus, quanto à influência de Abraão, se cumpre por causa de Jesus. Paulo disse que Jesus anunciou o evangelho ao crente Abraão  cono o meio pelo qual os gentios seriam justificados (Gálatas 3:10 a 16). O herdeiro de Abraão, no caso não Isaque, herdeiro segundo a carne, mas Jesus, herdeiro eterno; pois como disse Paulo: "... as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente e não aos seus descendentes" (vs. 16).

JESUS É A REFERÊNCIA DA BÊNçÃO DE DEUS PARA TODOS NÓS.

Conclusão:

Certamente que a família é o melhor protótipo do céu, de todas as bênçãos que o homem pode receber, e o melhor fundamento para compreendermos o plano de Deus.

Abraão não foi escolhido por acaso, mas para tornar-se alvo das bênçãos de Deus, para ser uma bênção para os seus descendentes e para todas as família da terra, bem como para ilustrar a nossa vida no céu.

___________________________________

Nota:

Após exposição tão clara e abençoada da vida de Abraão, lembrei-me de duas obras de arte que fotografei retratando o sacrifício de Isaque...


Quadro de Rembrandt (1630) no Museu Ermitage, em São Petersburgo.


Escultura em um moderno shopping center próximo aos muros da velha Jerusalém.


____________

Próxima mensagem,

do saudoso colega Oswaldo Campos.

____________

terça-feira, 25 de março de 2014

Bruno Behrendt - "O exemplo de Neemias"


O Coronel BRUNO BEHRENDT, que veio como missionário da Alemanha para o Brasil na sua juventude, chegou a ser o Chefe Nacional de nossa obra dos anos de 1965 a 1969. Foi ele quem comissionou oficiais a nossa turma de cadetes. Na foto, Behrendt espera o momento de entregar-nos as nomeações no final da festiva reunião naquele início do ano de 1966. Na plataforma do Corpo Central de São Paulo, percebo a minha expectativa na foto. Para onde eu iria trabalhar para o Senhor pela primeira vez? Behrendt nomeou-me oficial dirigente do Corpo de Joinville-SC, do qual fora fundador nos anos 30. Talvez meu sobrenome alemão tenha influenciado a decisão?

No nosso programa de comissionamento foi publicada a sua mensagem aos novos tenentes "Pregoeiros da Fé", uma mensagem-alavanca, a qual transcrevo abaixo, na esperança de que inspire os servos atuais do Senhor na sua missão:


Prezados "Pregoeiros da Fé"

Ao sairdes, em nome de Jesus, para iniciardes a carreira de oficiais salvacionistas, aconselho-vos a tomar como padrão o destemido servo do Senhor, NEEMIAS.
 Seu exemplo vos inspirará.

EIS SUA MENSAGEM CORAJOSA:

Não é bom o que fazeis, porventura não deveis andar no temor do vosso Deus? (5:9)

EIS A SUA FÉ:

Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível! Que guardas a aliança e a misericórdia... (1:5)

EIS SUA ORAçÃO:

Concede que seja bem-sucedido hoje o teu servo. (1:11)

EIS SEU OTIMISMO:

O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito! Deus pelejará por nós! (2:20)

EIS SEU PROPÓSITO:

Vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém. (2:17)

EIS SUA PERSEVERANçA:

Estou fazendo grande obra... não poderei descer porque cessaria a obra. (6:3)

EIS SUA FIDELIDADE:

Homem como eu fugiria? (6:11)

Nisto meditai sempre!

____________

Dentro de poucas semanas publicaremos uma mensagém de Páscoa do Coronel Bruno Behrendt. 

_____________


domingo, 23 de março de 2014

(Mara Lima - "Regresso")

Dentro do contexto de "sermões antigos", apresento aos caros leitores este hino, de Mara Lima, que tanto toca o coracão! Que toque o leitor que sente saudade do "primeiro amor", Jesus:

https://www.youtube.com/watch?v=Hl-R8ST4_zI

sexta-feira, 21 de março de 2014

Carl S. Eliasen - "Santidade ao Senhor"

Carl S. Eliasen foi o diretor do Colégio de Cadetes (seminário) quando o cursei em São Paulo, nos anos de 1964/65. Na foto abaixo, os cadetes (seminaristas) e staff do Colégio que se encontraram em 1967 para um "encontro de turmas" (que haviam estudado no prédio da rua Caramuru, 931, no Bosque da Saúde). Carl prometeu enviar-me para publicação neste blog um sermão de sua valorosa esposa Mary, ao seu lado na foto e "promovida à glória" no ano de 2003.




O belo prédio, construído e dedicado para ser o seminário salvacionista, hoje abriga uma obra social nossa, mas para os que lá estudaram ele será sempre o lugar onde aprendemos mais da Palavra do Senhor, na qual Jesus ordena aos Seus discípulos O seguirem levando a Sua cruz. Inspirado no pequeno desenho do prédio, tracei algumas linhas que o transformaram em uma cruz...



Neste ano em que visitei o Brasil, adquiri o livro acima, de Carl S. Eliasen (pedidos podem ser feitos através do e-mail ao final desta postagem). Neste meu blog4 transcrevo um dos capítulos que falou muito ao meu coração.





Não possuo na minha coleção de fitas usadas no quépe a de língua dinamarquesa - Frelsens Hær - mencionada no final do capítulo de seu livro aqui publicado com permissão. Aos interessados nomeio as fitas conforme o idioma: inglês/ finlandês/ português/ sueco/ norueguês/ alemão/ holandês/ francês/ espanhol/ italiano/ russo/ rumeno/ coreano ("pegando carona" no que Carl escreveu, destaco em vermelho as fitas que já usei no meu ministério).

__________________

Pedidos do livro em questão:

intendencia@bra.salvationarmy.org

quarta-feira, 19 de março de 2014

Paulo Franke - "De onde tirar novas forças quando as nossas estão acabando?"


FONTES

ou 

De onde tirar novas forças quando as nossas estão se acabando?

Como água fria para o sedento, tais são as boas novas vindas de um país remoto
(Provérbios 25:25)

Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação.
(Isaías 12:3)

Serás como um jardim regado, e como um manancial cujas águas jamais faltam.
(Isaías 58:11b)

Introdução:

Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. (Provérbios 5:15)

Na Bíblia encontramos cidades ou vilarejos cujos nomes eram extraídos de sua fonte (ain) ou de seu poço (beer), e as cidades muitas vezes eram construídas em volta de sua fonte ou de seu poço. Por exemplo: Abel-main ou Ber-seba.

Em 2 Samuel 23:15 lemos: ... Suspirou Davi, e disse: Quem me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém!

Davi sentia saudade da água do poço de Belém, quem sabe por associá-la aos seus dias de infância, alegres e sem grandes problemas.

Os poços ou as fontes eram necessários para as cidades, naturalmentre como um meio de sobrevivência de seus habitantes.

No evangelho de João, 4:14, Jesus diz à mulher samaritana: ... aquele, porém que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.

Para sermos honestos conosco mesmos, precisamos reconhecer que há tempos quando olhamos para baixo, para a nossa fonte de vida espiritual e vemos o fundo com pouca água. E diante disso sentimo-nos secos, estagnados e desesperados, pois se a água terminar significa perigo.

O que devemos fazer em tais circunstâncias? A quem iremos para pedir ajuda? Onde vamos tirar forças se as nossas próprias estão acabando?

Conhecemos as três palavras-chaves para tais situações:

Fé, oração e leitura da Palavra de Deus.

Mas mostro ainda outras fontes de água que, segundo a Bíblia, vêm da mesma Fonte, que é Jesus.

I.  Podemos trazer à lembrança experiências abençoadas do passado, que podem ter o gosto de águas frescas para fortalecer novamente o nosso espírito.

Hebreus 10:32-36 nos diz: Lembrai-vos, porém dos dias anteriores em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimento; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróprio, quanto de tribulações; ora tornando-vos co-participantes  com aqueles que desse modo foram tratados. Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável. Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que havendo feito a vontade de Deus alcanceis a promessa.

II. Podemo-nos lembrar das pessoas abençoadas que o Senhor usou para a nossa própria bênção.

Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim de sua vida, imitai a fé que tiveram. (Hebreus 13:7)

III Uma outra fonte é podermos nos lembrar de antigos oficiais/pastores que tivemos.

... quem sabe lembrarmo-nos de uma mensagem (sermão) que decididamente abençoou a nossa vida.

... quem sabe pensarmos em uma determinada pessoa que Deus colocou no nosso caminho e nos ajudou.

... quem sabe recordamo-nos de uma biografia de um homem ou de uma mulher que muito nos tocou.

... (olhar fotos antigas pode ser de grande ajuda para lembrarmo-os deles)

Alguém falou: "Palavras emocionam, exemplos arrastam." Lembramo-nos de servos de Deus cujo exemplo nos "arrastou"?

IV. Podemo-nos recordar de pessoas que foram vencedoras e que com isso nos deixaram o exemplo.

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçndo-nos de todo o peso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta.

Essas testemunhas venceram mesmo diante de difíceis circunstâncias como doença e pobreza. Impressiona-nos o número de autores ou compositores de hinos que cantamos que foram inspirados em meio a situações as mais adversas. E no meio de seu deserto encontraram oásis para continuar compondo, deixando-nos uma trilha musical que a cada vez que cantamos nos edifica (veja abaixo o meu blog2, sobre histórias por trás de cânticos tradicionais).

V. Outra fonte de abundantes águas consiste no segredo de ajudar o próximo.

Ilustração: Um homem que escalava uma montanha sentiu congelar-se e extremo cansaço. De repente, tropeçou em algo que notou era um companheiro em circunstâncias ainda piores do que as suas. Embora congelando-se, tentou de todos os meios reanimar o companheiro. Enquanto o fazia, percebeu que começou a aquecer-se. Assim é conosco na nossa jornada: ajudando ao próximo ajudamo-nos a nós próprios. Pena que poucos descobrem esta fonte!

VI. Não nos esqueçamos da fonte do perdão... 

Aprendamos a perdoar, pois quem não perdoa carrega um fardo muito pesado.
Muitas pessoas tornam-se deprimidas e não raro são levadas a clínicas pelo fato de recusarem-se a exercer o bíblico perdão.

Conclusão:

Todas essas, juntamente com a oração e a refrescante leitura da Palavra, são fontes cujas águas jamais serão escassas ou nos faltarão.

Nestes tempos difíceis e ameaçadores, recorramos à fonte da fé cujas águas irrigam a nossa jornada cristã e fazem-nos prosseguir saciados espiritualmente e em constante vitória.



Em breve, sermões de PÁSCOA de
ex-chefes nacionais,
Gilbert Abadie e Bruno Behrendt.

terça-feira, 18 de março de 2014

Sidney B.Campos - Vivemos para esta vida ou para a eternidade?

Esta mensagem de Sidney Barros Campos faz parte de uma série com o título acima que deu no Colégio de Cadetes, nosso seminário, no ano de 1977. Exatamente um ano depois ele seria "promovido à glória", termo usado pelos salvacionistas para designar os que morrem no Senhor.


Na foto, meu sogro, David Elias Hämäläinen, representando o Quartel Nacional em São Paulo, dá as boas-vindas a Sidney e Doreen Campos como oficiais divisionais do Rio Grande do Sul. Foto tirada no Corpo de Porto Alegre no dia 5 de maio de 1978, em meu poder mas que em breve será doada ao Centro de Herança Salvacionista.

"Está você vivendo para esta vida ou para a eternidade?"
(nesta parte, Sidney trata do assunto "Perseguição")

Textos:
João 15:16-20
João 17:13-18


José A. era um pobre coitado que vivia na cidade de Jacutinga, sul de Minas, durante os anos de 1954-58. Era macumbeiro mas também sacristão e... alcoolista. Briguento de marca maior, volta e meia estava na cadeia. Sua esposa e filhos viviam a esmolar porque o que José ganhava gastava na bebida, ou perdia ou alguém o roubava. Mesmo assim, era uma pessoa querida na pequena cidade.

Certo dia, em uma das reuniões do Exército de Salvação, ele aceitou o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador.

Que mudança ocorreu na sua aparência, no seu comportamento, no seu lar!

Quando souberam que ele estava frequentando o Exército de Salvação, despediram-no do emprego. Novamente, ele com sua família começaram a passar necessidade.

Durante esse mesmo período, eu estava frequentando o ginásio na cidade e pela simples razão de pertencermos ao Exército de Salvação, muitas vezes tivemos nossas notas escolares "cortadas ao meio".

Não tínhamos quase possibilidade de participar nas competições esportivas. Éramos deixados de lado por sermos evangélicos.

E mais, tivemos oportunidade de ser perseguidos literalmente, com apedrejamento e ameaça de morte.

Nesta mesma cidade, uma outra colega que administrava o Lar de crianças não obstante todo o serviço que prestava à comunidade, sentia que as meninas abrigadas eram perseguidas na escola.

Na cidade mineira de Borda da Mata, um pastor presbiteriano para fugir da perseguição precisou ficar escondido na torre de sua igreja por três dias.

Viver esta vida de separação envolve: 
Sacrifício,
Incompreensão, 
Sofrimento e talvez 
Completa Rejeição.

Esta verdade extraímos do verso 13 de Hebreus 11... Levando o seu vitupério (isto diz respeito à perseguição que devemos compartilhar).

Não devemos nos conformar com as injustiças da sociedade, nem com os costumes morais que ferem a santidade de Deus.

Durante Sua vida e ministério terrestres, nosso Senhor foi mal-entendido, esquecido e finalmete rejeitado.

A palavra "vitupério" é muito forte. É uma palavra que estigmatiza e se refere ao desprezo, abuso e vergonha que Ele suportou por nós e que, como Seus seguidores, somos convidados a levar, enfrentar e identificarmo-nos com Ele na Sua rejeição.

Portanto, se somos fiéis e leais a Jesus, não podemos esperar um tempo fácil.

Olhemos o que a Bíblia nos diz:

Mateus 5:11-12: Bem aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

João 16:33: Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Filipenses 1:29: Porque vos foi cocedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele.

2 Timóteo 3:12: Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.

1 Pedro 4:12-14: Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós destinado a provar-vos, como se cousa extraordinária vos estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrai-vos na medida que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando. Se pelo nome de Cristo sois injuriados, bem-aventurados sois.

Lucas 9:23-26 (uma outra tradução): Depois ele disse a todos: Todo aquele que quiser me seguir deve por de lado os seus próprios desejos e conveniências e carregar sua cruz consigo cada dia, e conservar-se junto de mim. Quem perder sua vida por minha causa, a salvará, mas quem insistir em conservar a sua vida, a perderá.
E que proveito há em ganhar o mundo inteiro quando isto signifique perder-se a si mesmo? 
Quando eu, o Homem da Glória, vier a minha glória e na glória do Pai e dos santos anjos, eu me envergonharei de todos aqueles que agora se envergonham de mim e das minhas palavras.

Na medida que vivemos separadamente, devemos manter o lar celestial em vista.

Esta verdade tiramos do verso 14: Mas buscamos a que há de vir.

Ilustração: 

Walter Scott narra a história de uma criança nobre que foi roubada por ciganos. Conduzida a uma terra distante e desconhecida, ali cresceu ignorando sua nobre origem.

Herdeira de grandes propriedades, vivia partindo lenha, carregando água e fazendo outros serviços pesados.

Porém, às vezes, algumas memórias fugitivas do passado, adormecidas no seu íntimo, embalavam-lhe o coração. Sonhava que um anjo, de rosto muito bonito, se inclinava sobre ela e carinhosamente mostrava em sonhos casas muito lindas e um suntuoso palácio que lhe parecia muito familiar. 

O estímulo dessas visões se tornou tão forte que a impeliu a libertar-se do cativeiro, fugindo secretamente daqueles que a exploravam.

Aplicação:

O mesmo se dá com respeito à alma humana. Ela é de origem divina e, mesmo lutando contra as limitações, oposições, contra o pecado que a escraviza, os vestígios de sua origem celestial não se conforma com a escravidão.

Nós temos conhecimento da nossa origem, sabemos que somos peregrios e que Deus nos tem preparado um lar no país celestial onde iremos encontrar o Senhor.

Esta é a razão porque temos que viver como peregrinos e não sentados como se "aqui fosse nosso lar".

Devemos ser como Abraão (Hebreus 11:8-10):

Abraão confiou em Deus, e quando Deus lhe disse que deixasse sua pátria e fosse para longe, a uma outra terra que Ele prometera dar-lhe, Abraão abedeceu. E foi embora sem saber para onde ia. E mesmo depois que chegou à terra prometida por Deus, morou em tendas como um simples hóspede, como fizeram Isaque e Jacó a quem Deus fez a mesma promessa. Abraão fez isso porque estava esperando confiadamente que Deus o levasse àquela forte cidade celestial, cujo arquiteto e construtor é Deus.

E também os patriarcas fizeram o mesmo (Hebreus 11-13-16)

Esses homens de fé que eu mencionei morreram sem jamais terem recebido tudo quanto Deus lhes prometeu; mas viram tudo esperando-os adiante deles, e ficaram contentes, pois concordavam que esta terra não era a sua verdadeira pátria, mas que eles eram forasteiros de visita aqui em baixo.
E muito logicamente, quando eles falavam assim, estavam com os olhos postos na sua verdadeira pátria no céu. 
Se eles tivessem desejado, poderiam ter voltado às coisas boas deste mundo. Mas não quiseram. Eles estavam vivendo para o céu. E agora Deus não se envergonha de ser chamado seu Deus, pois fez uma cidade celestial para eles.

Se nós vivemos para a eternidade, esta é a nossa atitude correta.

Conclusão:

Devemos viver à luz desta esperança, e se assim o fazemos, ganhamos um verdadeiro senso de valores.

Devemos ter o nosso "passaporte" para o céu em dia, com nosso "visto de entrada" preparado.

Agora, o fato de sermos de origem celestial, e que vivemos tendo em vista o lar que nos está preparado, não significa que não temos responsabilidades durante nossa jornada.

Em outras palavras, devemos ter nossa mente tão celestial que não sirva para o uso terreno.

O serviço sacrifical torna-se um duplo privilégio, pois nos une tanto a Deus quanto aos homens.

Somos covidados a cada dia a oferecer um sacrifício de louvor a Deus.

Somos convidados a cada dia a oferecer um sacrifício de serviço aos homens.

Está você vivendo para esta vida ou para a eternidade?

Está você vivendo como se hoje fosse o seu último dia?

Lembre-se de que a eternidade para você pode começar hoje.



O adolescente Sidney está na foto diante do Lar de Jacutinga, com seus pais, Ozias e Maria de Lourdes Campos, irmãos Dulcinéia e Wagner, e a Capitã Margit Eriksson (foto cedida por Wagner).

Nota do dono do blog:

- Sidney, meu primeiro oficial dirigente (pastor) no Corpo de Pelotas-RS, contava-nos muitas experiências que tivera em Jacutinga-MG. Também cantava solos de lindos hinos que aprendeu naquela cidade com irmãos pentecostais, dos quais lembro até hoje.
- Anneli e eu também dirigimos o Lar de Jacutinga, no final dos anos 80, mas o cenário de perseguição havia passado. O único problema que enfrentamos foi quando abrigamos duas meninas que haviam visto o pai matar a mãe com um machado. Os católicos da cidade se opuseram a isso e fizeram de tudo para transferi-las de um orfanato evangélico para um católico, ao que não nos opusemos.


____________________

Em breve:

Mensagens de Páscoa de 
GILBERT ABADIE e de BRUNO BEHRENDT,
chefes nacionais do ES nas décadas de 50 e 60.

Bem-vindos!

____________________