sexta-feira, 28 de março de 2014

Paulo W. Rangel - "Abraão"

Conheci Paulo Wagner Rangel em um Dia de Juventude no Corpo Central, no ano de 1965. Sentado sozinho, aproximei-me do jovem que eu não conhecia para dar-lhe boas-vindas. E o rapaz, que viera de Minas Gerais para o evento em São Paulo, contou-me algo de seu testemunho. Admirei-me de sua convicção de tornar-se salvacionista, ainda que vivendo em uma cidade cujo único contato com o Exército de Salvação era através de uma oficial aposentada, a saudosa Major Alzira G. Sinofzik. 
(Ao longo da conversa percebi também o quanto o seu sotaque era parecido com o do capitão Bellini, da Seleção!)
Paulo ingressou no Colégio de Cadetes no ano seguinte, na sessão "Luzeiros". Conhecendo Yoshiko Namba no Colégio, casaram-se alguns anos depois.
Após longa carreira em Obras Sociais, Corpos, Divisões e nomeacões no Quartel Nacional, inclusive a de Diretor do Colégio de Cadetes (seminário), Paulo chegou à liderança do Exército de Salvação no Brasil.


ABRAÃO   

"Em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gênesis 123:3)

O relato do pacto de Deus com Abraão é apresentado de forma abrupta, suscitando a pergunta: Quem é esse Senhor Deus? E quem é Abraão?

Esse Deus é o Criador do universo, da terra e da humanidade, portanto a iniciativa divina tem esse mesmo peso, essa mesma extensão, ou seja, Deus estava dando início à obra de redenção insinuada no jardim do Éden (Gênesis 3:15).

Esse ato de Deus não tem como alvo apenas encontrar um aliado para tratar com o povo naquele momento tão disperso, voltado para os deuses. O próprio Abraão estava incluído, mas Deus buscava nesse homem um aliado para ser o precursor da "semente da mulher" e o personagem mais importante da história do Antigo Testamento.

Tal pacto incluía:
1. A bênção de Deus a Abraão.
2. Tornar Abraão uma bênção.
3. Abençoar todas as famílias da terra.

Este é o princípio básico de todas as coisas. Ao contrário do que pensava o homem que recebera um talento, Deus não colhe de onde não semeou, nem ajunta de onde não espalhou (Mateus 25:24). Pelo contrário, Ele propõe abençoar - depois de fazer de nós bênçãos a terceiros - abençoar as famílias da terra.

Quais foram as implicações desse pacto?

I. DEUS AMPLIOU O NOME DE ABRAÃO

Abrão significa "pai exaltado", e Deus mudou o seu nome para Abraão, que significa "pai de uma multidão".

Pelo fato de Sara, sua mulher, ser estéril, Abrão só podia contar com o poder de Deus para alcançar a promessa; ainda que ele e mesmo Sara tentassem "ajudar" Deus de modo errado.

A primeira lição que Abraão teve que aprender foi a de desligar-se da sua terra, de seus bens e de sua parentela. Essa separação era necessária em face da idolatria reinante naquele lugar, e em face da fé em Deus, que exige sempre separação. 

Ryle disse que Abraão recebeu a ordem de:
- renunciar as certezas do passado,
- enfrentar as incertezas do futuro,
- olhar a seguir na direção da vontade de Deus.

II. DEUS PROVOU A ABRAÃO

Antes de alcançar a promessa de Deus, Abraão foi provado ao...

1. ... deixar a família: 
Todas as provas a que Deus submete o homem são provas de amor (Abraão, Jó ou Pedro). Abraão devia provar que amava mais a Deus do que sua própria família. Em Mateus 10:37, Jesus disse: "Quem ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim."
Abraão passou por ambos os testes. Em Gênesis 12:1 a 4, deixou seus pais. Em Gênesis 22:1 a 14, renunciou a seu filho.

2. ... deixar a terra:
A terra aqui significa o projeto de vida de Abraão, uma vez que sua atividade era essencialmente agrícola, ou melhor, pecuária. Abraão teve falhas também; quando foi ao Egito não o fez por mandado de Deus, ainda que houvesse um motivo, aparentemente justo, mas por sua auto-recreação, e se deu mal. Foi levado a mentir e saiu dali humilhado (Gênesis 12:10 a 20). Mas Deus lhe ensinou a lição e mais tarde ele aprendeu a peregrinar na terra da promessa.

3. ... deixar as vantagens materiais:
Quando Ló, seu sobrinho, escolheu a melhor parte das pastagens, Abraão lhe deu uma lição de desapego aos bens materiais, e, em função disso, tornou-se o grande intercessor e libertador de seu sobrinho. O amor ao dinheiro (ou aos bens materiais) é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10). Abraão peregrinou na terra da promessa como em terra alheia... porque aguardava a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto é Deus (Hebreus 11:9 e 10).

III. DEUS AMPLIOU A INFLUÊNCIA DE ABRAÃO

a) De um pai sem herdeiro legítimo, Deus o fez pai de todos os que crêem. O primeiro ponto aqui é que Abraão creu no Senhor e isto lhe foi imputado como justiça (Romanos 4:3).
Abraão com o corpo já amortecido (Hebreus 11:12) confiou em Deus, no Seu poder e fidelidade, e obteve a promessa de um filho quando suas condições físicas já não permitiam gerar filho, e muito menos as de sua esposa.

Quando Deus lhe pediu Isaque em sacrifício, Abraão chegou ao ponto de quase sacrificá-lo, pois considerou que Deus era poderoso para ressuscitá-lo dentre os mortos (Hebreus 11:17 a 19).

b) É claro que toda a honra concedida a Abraão tem a ver com Jesus, pois o cumprimento da promessa de Deus, quanto à influência de Abraão, se cumpre por causa de Jesus. Paulo disse que Jesus anunciou o evangelho ao crente Abraão  cono o meio pelo qual os gentios seriam justificados (Gálatas 3:10 a 16). O herdeiro de Abraão, no caso não Isaque, herdeiro segundo a carne, mas Jesus, herdeiro eterno; pois como disse Paulo: "... as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente e não aos seus descendentes" (vs. 16).

JESUS É A REFERÊNCIA DA BÊNçÃO DE DEUS PARA TODOS NÓS.

Conclusão:

Certamente que a família é o melhor protótipo do céu, de todas as bênçãos que o homem pode receber, e o melhor fundamento para compreendermos o plano de Deus.

Abraão não foi escolhido por acaso, mas para tornar-se alvo das bênçãos de Deus, para ser uma bênção para os seus descendentes e para todas as família da terra, bem como para ilustrar a nossa vida no céu.

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Nota:

Após exposição tão clara e abençoada da vida de Abraão, lembrei-me de duas obras de arte que fotografei retratando o sacrifício de Isaque...


Quadro de Rembrandt (1630) no Museu Ermitage, em São Petersburgo.


Escultura em um moderno shopping center próximo aos muros da velha Jerusalém.


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Próxima mensagem,

do saudoso colega Oswaldo Campos.

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Um comentário:

  1. Se você ainda não o tem feito, seria muito bom compartilhar o seu excelente trabalho no seu blog com o Centro de Herança do Quartel, SP.


    Abraços.

    CSE

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