sexta-feira, 11 de abril de 2014

Gilbert Abadie - Mensagem de Páscoa.

O francês GILBERT ABADIE (1903-1983), foi líder nacional do Brasil no período 1957-1965, tempo que nossa obra conheceu um grande desenvolvimento. Digno de nota igualmente o português fluente que Abadie, que não era mais jovem, adquiriu em nossa terra.

 

Tive o privilégio de conhecê-lo quando dirigiu um 

Dia de Juventude em Pelotas, em 1963. Olhou-me 

com seus olhos azuis penetrantes ao 

cumprimentar-me e eu esperava que me falasse 

algo de peso, incentivando-me para minha entrada 

no Colégio de Cadetes (seminário) no ano seguinte,

 mas tudo o que me disse foi: "Cuidado com as 

louras de cabelo alto!" (moda naquele tempo). 

Entendi que me prevenia a que nada me afastasse

do propósito de ingressar no seminário. Dez anos

depois, em 1973, o que me falara se cumpriria... 

encontrei uma loura com quem estou casado há 

4 décadas! 

Como cadete (seminarista), em 1964 e metade de 

1965 - quando se despediu do Brasil - tive a 

oportunidade e privilégio únicos de ouvi-lo, na sua 

típica forma profunda, pregar e ministrar estudos 

bíblicos. Àquela altura eu não imaginava que o

encontraria novamente, o que aconteceu no

verão europeu de 1973em Londres.



A foto de Abadie foi extraída do livro "A Imagem do Cruzeiro Resplandece", história do ES no Brasil, da autoria de Carl S. Eliasen, que pode ser adquirido na Intendência Salvacionista 
(e-mail no final)



Foto da família em fevereiro 1959, gentilmente cedida por Reine-Luce, à esquerda, amiga do Facebook.

__________________

MENSAGEM DE PÁSCOA
(publicada no "Brado de Guerra" de 17 de abril de 1965)

Se Cristo não tivesse ressuscitado... 

Em sua primeira epístola aos Coríntios - o apóstolo Paulo encara essa possibilidade para dai deduzir as tristes consequências que dela resultariam para a humanidade em geral e ao povo cristão em particular. Se não fosse verdade que na manhã de um certo domingo, há dezenove séculos, nas circunvizinhanças imediatas de Jerusalém, mas fora dos muros da cidade, um supliciado que jazia em um túmulo voltou repentinamente à vida - Deus O havia ressuscitado dos mortos, então a pregação do Evangelho seria uma impostura, a esperança de uma outra vida uma quimera e a morte teria a última palavra.


Os outros milagres não são indispensáveis à fé.

Nenhum outro milagre relatado pela Bíblia é indispensável à fé cristã, mas a ressurreição de Cristo nós não podemos dispensar.

Afinal, que nos importam todas as curas relatadas no Novo Testamento? Elas não nos impedem a nós do século vinte o conhecer doenças e enfermidades. Além disso, a medicina e a cirurgia de hoje em dia têm agora em seu ativo curas que nos maravilham do mesmo modo.

Durante a última guerra, quando na Europa e em outros lugares, prisioneiros e deportados morriam lentamente de fome nos campos de concentração, será que a leitura da narrativa da multiplicação dos pães ou da pesca maravilhosa mudou de qualquer modo a sua sorte?

E Lázaro e o filho da viúva de Naim e todos os que voltaram miraculosamente à vida algumas horas ou alguns dias depois de sua morte, não acabaram eles por morrer realmente? Não é que a sua aventura extraordinária não nos traga nada mais do que a prova que se Deus quisesse nós poderíamos conhecer uma ressurreição provisória, uma espécie de prorrogação antes do desaparecimento final?

Não, todos esses milagres da Bíblia, por mais edificantes que sejam, poderiam ser dispensados. Eles nada acrescentam à nossa fé em Deus. Nós sabemos mesmo quão facilmente a atração e a procura do milagre podem degenerar em práticas supersticiosas. Jesus condenou esta tendência humana onde Ele discernia mais incredulidade do que fé. "Se não virdes milagres e prodígios vós não crereis"(João 4:48). Para nos exprimirmos à maneira de Jesus se dirigindo a Tomé, o incrédulo: "Felizes aqueles que não viram milagres, mas que, no entanto, creram nEle!"

O milagre da Páscoa sustenta todo o edifício da fé cristã.

Um único fato milagroso, isto é, contrário ao curso habitual dos acontecimentos e essencial para a criação, é o da ressurreição de Jesus Cristo. Este último com efeito nos deixou mais que uma vida exemplar e um sublime ensinamento moral. Se finalmente este homem, depois de ter morrido supliciado, vítima do ciúme e da estupidez, nada tivesse deixado senão uma magnífica lembrança, o que teríamos mais? A idéia da morte, a idéia que roi a humanidade, continuaria a dar a todas as nossas alegrias um fundo sombrio e triste...

Para nós não haveria mais esperança de rever os nossos que desapareceram. Não haveria mais apelo possível, na vida futura, das injustiças recebidas na presente vida. Nenhuma outra perspectiva a não ser o nada. De que serviria lutar pela verdade, de que serviria resistir aos instintos egoístas e baixos se mesmo Jesus Cristo fora vencido pela morte? Sim, de que serviria? Se o Cristo não ressuscitasse, então vã seria a nossa esperança de uma vida depois da morte. Comamos e bebamos que amanhã morreremos! 

A grande afirmação dos apóstolos.

O Novo Testamento, especialmente o livro de Atos, nos guardou as grandes linhas de algumas pregações dos primeiros cristãos. Vale a pena estudá-las para saber o que diziam esses homens que, por sua palavra, edificavam as primeiras igrejas cristãs. Que disse o apóstolo Pedro no dia de Pentecoste ou depois da cura do coxo assentado perto da entrada do templo ou ainda diante do sinédrio ou, enfim, na casa do centurião Cornélio?

Que disse o apóstolo Paulo na sinagoga de Antióquia de Pisídia, em Atenas no meio do Areópago, em Cesaréia diante do governador Felix: "Vós fizestes morrer Jesus de Nazaré, mas Deus O ressuscitou! Nós disso somos testemunhas!" Eis aí a afirmação central da pregação dos primeiros cristãos: O Cristo ressuscitou! Ele nos apareceu. O túmulo dado por José de Arimatéia estava vazio na madrugada do terceiro dia. Eles preferiram sofrer o martírio a negar este fato. Eles sofreram o martírio.. E aqueles que não conhecem este terrível e cruel horror não deixam de estar mortos, eles também. Mortos igualmente esses milhões de homens de homens e mulheres de todas as raças que, no decorrer de vinte séculos de cristianismo, creram na Ressurreição da Páscoa.

Então, todos foram enganados por uma ilusão? Eles creram na vitória do Cristo sobre a morte, mas não foram por isso menos vencidos por esta?

Sim, eles morreram, é verdade, mas sem desespero, sem medo do misterioso além, sem revolta contra seu destino. Eles morreram na fé da ressurreição final. Ressurreição dos corpos, misteriosa mas predita. Sobretudo, certeza da vida eterna do espírito, que na morte voltou a Deus.

Eis porque na Páscoa os cristãos se regozijam. A ressurreição do Cristo é a promessa de sua própria ressurreição. É a certeza de que o céu é uma realidade e que Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos (Apocalipse 7:17).
Ela é o véu que envolve todos os povos, a coberta estendida sobre todas as nações (Isaías 25:7). Mas, aceitando morrer Ele mesmo sobre a cruz do Calvário, Jesus Cristo, depois de aparente derrota venceu a morte para sempre. Foi sobre este Monte Calvário que a antiga profecia acima se realizou: o véu foi rasgado, a morte aniquilada para sempre.

A Páscoa nos traz todos os anos a afirmação desta vitória do Cristo que nos dá a certeza de nossa futura ressurreição.

Alegremo-nos, então! Levantemos a cabeça no meio mesmo dos cuidados e aflições da vida presente.

Eis aqui nos diz nosso Salvador: "Eu estava morto e eis que estou vivo para os séculos" (Apocalípse 1:18).

"Porque Eu vivo, vós vivereis também" (João 14:19).



Foto que tirei do abençoado casal, em 1973. No link "Gilbert Abadie, homem de Deus na 2Guerra Mundial" conto a respeito da alegre visita que, a convite deles, fiz ao seu lar em Londres, as conversas deles que giraram em torno das lembranças do passado no Brasil, o passeio na floresta vizinha etc.


Na foto do nosso jornal, o chefe territorial, Gilbert Abadie, e sua esposa, aparecem com o secretário geral, Bruno Behrendt, e sua esposa, também o então diretor do Colégio de Cadetes, Carl S. Eliasen.

Com isso, anuncio a próxima mensagem de Páscoa neste blog4, de Bruno Behrendt.

_________________

Nota: 
Agradeço o envio desta mensagem, e da próxima - por mim solicitadas - à Claudia Meylan Lopes, eficiente secretária do Departamento de Literatura no Quartel Nacional.


________________

L i n k s:

Pedidos do livro indicado inicialmente:

intendencia@bra.salvationarmy.org

______________________________

Convido os caros leitores a lerem ou relerem os preciosos relatos de Gilbert Abadie, que lutou na Segunda Guerra Mundial, já publicados no meu blog1 por gentileza de sua filha Reine-Luce (basta clicarem os tópicos abaixo):

1-G.ABADIE, homem de Deus, na 2a Guerra Mundial/ 

2- G.ABADIE, homem de Deus, na 2a Guerra Mundial/

3- G.ABADIE, homem de Deus, na 2a Guerra Mundial/ 

4G.ABADIE, homem de Deus, na 2a Guerra Mundial/ 

_________________________________________________

2 comentários:

  1. Um dos chefes mais humildes e mais carinhosos que minha família conheceu. Vinha na minha casa tomar café de minha mãe e nos apoiou na época em que ela faleceu de repente e só com 45 anos. Conseguiu me marcar apesar de ter 10 anos na época. Obrigada pelas fotos e mensagens.
    Antonia Ortega
    São Paulo-SP

    ResponderExcluir
  2. Hi Paulo: Enjoyed reading the excellent message by Commissioner Gilbert Abadie! Thank you. Easter Greetings,
    Col. David Gruer
    Canada

    ResponderExcluir