sábado, 19 de julho de 2014

Ann Holland Hofer - "O espinho na carne"




Recebi recentemente da Suiça esta foto do Ernesto Hofer, de quando trabalhava na Argentina e o Ejército de Salvación recebeu a visita do arcebispo de Buenos Aires, o atual papa. 

Desejava publicá-la juntamente com uma mensagem antiga do colega, mas como meu pedido está "custando a se concretizar", publico-a junto com a meditação de sua mãe, Ann Hofer.

 Ann Hofer, que foi uma das primeiras missionárias a vir para o Brasil, era de nacionalidade inglesa e casou-se com o suíço Ernest Hofer, que conheceu na nossa terra.

Conheci-os quando ingressei no Exército de Salvação, em 1962, sendo que o Brigadeiro Hofer era o Chefe da Divisão do RS. Foi ele quem me alistou soldado naquele mesmo ano e ela quem dirigiu e pregou na reunião em que me tornei candidato ao oficialato, em 1963.


A meditação abaixo foi publicada na revista "Arsenal Salvacionista" no. 3 de 1945.

O ESPINHO NA CARNE

O que eu faço não o sabes agora, mas tu o saberás depois.

João 13:7

Acerca disto três vezes implorei ao Senhor que o espinho se apartasse de mim. E disse-me: Basta-te a minha graça, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas para que o poder de Cristo repouse sobre mim.

2 Coríntios 12:8-10

"Acerca disto"! O que foi "isto"? Se nós pudéssemos indagar do grande apóstolo mesmo, ele nos diria, "o espinho na carne, as minhas enfermidades". A tradição nos diria, "O seu mal, a sua doença da vista".
Seja como for, o poderoso Paulo sofria sob a opressão do espinho na carne e agonizava em oração para se libertar dele. Indubitavelmente, o apóstolo havia lido repetidamente o que o profeta Isaías (53:4) predisse de Jesus, de certo havia também ouvido de  Pedro, seu companheiro, a mesma citação de Isaías, proferida por Jesus, em Mateus 8:17. "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças."

O que mais natural existe, então, de que Paulo, que estava constantemente entre as multidões, em defesa da causa de Cristo, perante governos e autoridades, pleiteasse a remoção daquele "espinho" diante dAquele que havia prometido levar as nossas doenças?
Mas não foi removido! Falta de fé? Não! Falta de intercessão? Impossível! Três vezes Paulo implorou a Deus para que fosse liberto de sua enfermidade! Podia Paulo, que havia exortado os tessalonicenses (1:5;17) a orarem sem cessar, mostrar tamanha falta? Mas o espinho não foi removido! E Ele lhe disse: "Basta-te a minha graça! E nesta graça Paulo sentia prazer, sim, de boa vontade se gloriava em tolerar aquele espinho até o fim de sua vida turbulenta. 

Quem pode nos dizer se depois de travar amizade com Pedro, ele não confiou aos ouvidos atentos de Paulo as palavras de Jesus? Se não derramou o seu coração simpático ao narrar do bem com que Jesus enchera os três anos de Seu ministério. Ouço-o contar a Paulo o que Jesus lhe dissera, ao lavar-lhe os pés. "O que eu faço não o sabes agora, mas tu o saberás depois." Ouço-o contar a respeito de sua perplexidade diante daquela lição inesquecível de humildade, santidade e serviço.

Será que Pedro, deveras, veio a saber "depois" o que Jesus lhe fez? Sim! Jesus estava simbolicamente purificando-o para aquela vocação que, depois da confissão espontânea de Pedro de sua indignidade, Jesus lhe promovera. Pedro estava destinado a ser "pescador de homens" e, para isso, Jesus lhe mostrava que deveria estar limpo, liberto de seu "eu", pronto a sofrer e a fazer as obras de servo e trazer as almas para o reino dos céus.

Os pensamentos acima me vieram enquanto meditava sobre os últimos quinze meses de minha vida. Têm sido meses de enfermidade, "um espinho na carne". Como Paulo, implorei ao Senhor que o espinho fosse apartado de mim. Como Isaías, eu tinha fé que Deus pudesse sarar as minhas enfermidades. Mas o espinho não foi removido! Não fui curada. Mas Ele me segredou: "Basta-te a minha graça". Pude, com Jó 13:15, dizer: "Ainda que ele me mate, nele esperarei", e esperava. 

No nosso esperar, ouvimos duma Estação de Águas, umas fontes onde deveras muitos foram sarados de suas enfermidades epidérmicas.
Crendo ser do plano de Deus, resolvemos tirar o nosso descanso regulamentar para passar naquelas fontes as três semanas, em busca da cura para a minha enfermidade. Foi por Deus! Muito bem! dirá algum leitor. Então estou curada? Não! Não fui. Voltei daquelas águas pior do que quando ali cheguei. Mas foi por Deus!

"O que eu faço não o sabes agora, mas tu o saberás depois", assim falou o Salvador a Pedro, e agora estava para me mostrar o "depois".
Naquela aldeia das fontes, Deus tinha as suas testemunhas. Uma pequena comunidade de convertidos interrelacionadas, sendo na maior parte jovens que aguardavam, como Eliseu, o manto a cair, chamando-os para o apostolado. Uma oportunidade se nos apresentou de falar de nosso glorioso Exército de Salvação, mostrando-lhes as possibilidades maravilhosas que o Exército oferece às vidas inteiramente consagradas. O manto caiu sobre um bom moço de vinte e dois anos de idade e trouxemos o nosso "Eliseu" para o Lar das Flores onde está trabalhando esplendidamente conosco. Ele é músico, cantor e uma das características que nele mais se salienta é a sua humildade. 
Sobre outros também caiu o manto da profecia, e depois de estarmos de volta recebemos uma carta comunicando-nos a chegada em breve de mais três, duas irmãs e um jovem, determinados a servirem a Deus nas fileiras do Exército de Salvação e assim, se for de Sua vontade, como oficiais.

Diante disto, digo como Paulo, "de boa vontade me gloriarei nas minhas enfermidades, pois o seu poder se aperfeiçoa na minha fraqueza". Deus me afligiu a mim para me conduzir às fontes e serviu-Se de nós como veículos para trazer estes jovens para o Exército de Salvação.


Um comentário:

  1. Eu conheci o brigadeiro Hofer e sua esposa tambem conheci o comissario Abadi da frança tenho algumas fotos da epoca tiradas aqui em portugal na cidade do porto

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