Publico hoje o segundo "sermão" de Oswaldo Campos, em forma de um artigo que o saudoso irmão enviou-me para publicação no "Brado de Guerra" 11/98. Meus agradecimentos ao seu filho Abner pelas fotos cedidas.
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FUGITIVOS DE DEUS
Assim diz o Senhor: Cairão os homens, e não se tornaräo a levantar? desviar-se-ão, e não voltarão? (Jeremias 8:4)
Ao lermos certas passagens do Antigo Testamento, ficamos admirados como o povo escolhido de Deus podia cometer apostasias tão absurdas e terríveis, apesar da severa proibição de Deus e das grandes experiências que tinham com o Senhor.
Certa vez, quando os israelitas se achavam perto do Monte Sinai e prestes a se tornarem vizinhos dos amonitas - a quem deveriam ter expulsado de suas terras, mas que não o fizeram - foi-lhes proibido por Deus de consagrarem seus filhos ao ídolo Moloque, o deus pagão daquele povo, sob pena de morte (Levítico 20:2). O culto prestado a este deus era um culto detestável, onde se sacrificavam crianças vivas e as queimavam. Supunham eles que a vítima era purificada da imundície do corpo, alcançando então a união com as forças divinas.
De igual forma, ficamos impressionados com o famoso rei Salomão, que mesmo no fim de sua vida chegou a erguer altares a Moloque, seduzido pelas mulheres amonitas a quem muito amava. Sabemos também que os israelitas vieram a oferecer seus filhos para serem queimados vivos em adoração a esse deus pagão em forma de um bezerro. Várias passagens referem-se a essa prática idólatra entre o povo de Deus; mas vejamos apenas o que nos diz o livro de Salmos 106:34-38: "Não destruíram os povos, como o Senhor lhes dissera, e serviram os seus ídolos, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios; e derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas. Posteriormente (2 Reis23:13-14), o rei Josias destruiu esses altares, quebrando todas as imagens existentes.
Em nossa época, parece não haver mais entre os autênticos filhos de Deus faltas tão chocantes quanto aquelas, embora persistam ainda outras formas de apostasia que continuam desagradando a Deus.
O que é apostasia? Apostasia significa renunciar, renegar, abandonar, desertar etc. É uma doença espiritual grave. Mesmo na Bíblia encontramos alguns desses irmãos desertores. Para Deus esse tipo de falta é muito estranha, a ponto de admirar-Se e perguntar: "Cairão os homens, e não se tornarão a levantar? desviar-se-äo, e não voltarão?
O pecado da apostasia a que nos referimos parece passar por alguns estágios. Primeiramente, o homem começa com uma simples ausência da igreja, que devagar vai-se prolongando; depois vem um certo desinteresse pelo convívio com os irmãos; mais tarde vem ele a perder o prazer pelas conversas espirituais e pela Palavra de Deus. Daí por diante, já enfraquecido na fé, tende a aceitar certos tipos de pecado, ficando à mercê do inimigo, que certamente o ajudará a distanciar-se mais e mais do Senhor. Aí está o perfil do fugitivo de Deus.
Tenho-me deparado com alguns fugitivos de Deus ao longo dos anos; e o que mais me espanta é quando isso ocorre com algum ministro da Palavra. Quando o filho de Deus chega a esse ponto ele não só acarreta sérios prejuízos a si mesmo, como também poderá afetar seus próprios familiares. Vejamos a advertência de Deus para tais casos: "As tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e quão amargo é deixares o Senhor teu Deus, e não teres o meu temor contigo" (Jeremias 2:19).
Importante é sabermos que Deus está sempre muito interessado na volta de filhos fugitivos, para os quais Ele nunca fecha a porta. Vejamos o caso de Davi, que voltou a Deus. Se ele não tivesse se erguido de sua apostasia, nós não teríamos agora o Salmo 32:1: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto." Se Pedro não tivesse voltado de sua derrota, nós não teríamos o seu grande sermão de Pentecoste, onde três mil almas se converteram.
Deus sabe que somos fracos e pecamos, e até sujeitos à quedas, o que é lastimável, mas o que Lhe é estranhável é o fato desses filhos caídos não se levantarem. Parece-nos até que, quando tal rebeldia chega a ameaçar a felicidade eterna de um filho Seu, Ele lança um último apelo, conforme o texto: "Volta, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira" (Jeremias 3:12). Diante dessa insistência de Deus, proveniente do Seu grande amor, podemos compreender que se o homem nessa posição vier a se perder será unicamente por sua livre e espontânea vontade.
E aqui vai o nosso apelo a qualquer irmão que sente não estar tão próximo de Deus como deveria. Que obedeça à Sua voz e volte enquanto é tempo. Que imite a Davi, a Pedro, ou mesmo ao filho pródigo que, igualmente arrependido e longe do lar, disse para si mesmo: "Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai." Essa é a atitude certa do filho que deseja reconciliar-se com Deus, a fim de que não perca a vida que somente Cristo nos pode oferecer aqui e na pátria celestial.
Não seja, portanto, um fugitivo de Deus, jamais!