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Quando enviei ao Alfred Ford a postagem do meu blog e nela a foto que tirei com Verônica e Douglas, no inesperado encontro que tivemos no Quartel Internacional em Londres, há poucas semanas, ele enviou-me uma história digna de ser publicada, o que faço aqui com a permissão dele.
Abaixo, a foto recente de Alfred e Berynice Ford, que inclusive consta na "Galeria".
"Em julho de 1959, Berynice e eu fomos nomeados para o Corpo do Rio Comprido. O Comissário Abadie disse que esta nomeação nos daria a chance de praticar português. Perguntei-lhe o que aconteceria se o Corpo 'quebrasse' por causa do nosso limitado conhecimento do idioma. Ele respondeu: 'Você não pode estragar mais o Corpo do que está e, de qualquer forma, estaremos fechando o Corpo em três meses pois nem os anglicanos nem os salvacionistas puderam fazer algo por lá. Abriremos um centro social e a Capitã Mollet já está a caminho do Brasil para dirigi-lo.'
Depois de poucas semanas os camaradas perguntaram quando eu iria a Ebenezer. Perguntei-lhes o que significava este Ebenezer e onde ficava... Falaram-me que o lugar ficava entre Rio e São Paulo e um trem chegava até lá perto, e que às vezes o oficial ia fazer a reunião no primeiro final de semana do mês.
Decidi viajar até lá imediatamente. Berynice disse-me que por não conhecermos o lugar seria melhor eu vestir o meu melhor uniforme azul-marinho e meus sapatos novos. Como era inverno, também levei meu casacão e uma maleta com algumas roupas.
Chegando a Cachoeira Paulista por trem, perguntei a alguém se sabia onde ficava Ebenezer, e a resposta foi que ficava "lá em cima, tomando a estrada". Minha próxima pergunta foi como eu poderia chegar até lá. Pergunte ao leiteiro, foi a resposta, mas eu perdera a carona com o carro do leiteiro, que só iria novamente no dia seguinte. Assim comecei a caminhar em direção à estrada que levava à montanha e cheguei na usina ao entardecer. Chegando à usina ao pé da montanha, perguntei novamente onde ficava Ebenezer. Desta vez a resposta de um casal foi que eu deveria ir a cavalo.
Nunca me esqueci disso. Nunca deixamos de visitar Ebenezer a cada mês durante o tempo em que dirigimos o Corpo do Rio Comprido.
No Rio Comprido começamos uma banda e um grupo de pandeiros - dirigido pela jovem Riitta Hämäläinen - e no ano passado um casal do nosso Corpo aqui na Austrália visitou Rio Comprido, estando no Brasil a negócios; ambos ficaram impressionados com a felicidade e alegria que os soldados irradiavam!
Se não tivéssemos feito nada mais nos 12 anos em que trabalhamos no Brasil, a história que conto, do Rio Comprido e de Ebenezer, já teria valido a pena!
Na nossa aposentadoria continuamos a agradecer a Deus pelo privilégio de O servirmos nestes lugares e também em outros lugares do Brasil!"